domingo, 31 de agosto de 2008

Distância

Esse final de semana foi estranho.
Na sexta feira, meu padrinho faleceu. O velório aconteceu no sábado, e claro, eu fui.
Minha madrinha faleceu há oito anos. Éramos muito próximas, e ela me chamava de Eliana Maria. Quando ela morreu, foi um choque. Ela já estava doente, víamos o fim se aproximando a cada semana, mas quando aconteceu, chorei horrores.
Com meu padrinho foi diferente, e me senti mal por isso.
Depois de uns anos que minha madrinha tinha falecido, ele encontrou uma namorada. Foi morar com ela em Porto Feliz, e acabamos nos vendo poucas vezes ao longo dos anos.
Essa distância nos fez perder a proximidade, o contato frequente, as visitas nos aniversários.
E quando cheguei perto dele, no velório, além da diferença física óbvia, a sensação era de que eu o conhecia vagamente. Não chorei. Fiquei muito triste sim, por ele, pela nova esposa, pelo meu primo que estava abaladíssimo.
Mas não senti aquela tristeza imensa que senti com a morte da minha madrinha. Na verdade, foi a primeira vez que não chorei em um velório.
Será que foi só a distância que fez isso, ou quando a gente cresce as coisas tomam outras dimensões?
Cada vez mais concordo com a citação de que o tempo apaga tudo. É muito verdade. O tempo apaga as mágoas, as tristezas, o ódio. Mas apaga também as coisas boas, as lembranças felizes, a intimidade, a presença.
Eu acho ótimo sentir as mágoas sendo diluídas pelo tempo, mas me entristece perceber que as lembranças felizes também perdem a cor.

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