sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Monster in me

Dentro de mim, numa caverna escura e fria, mora um monstro.
Em você também tem um, antes de mais nada. E no meu vizinho também, na sua prima, naquela professora do primário também.
Todo mundo tem seu monstro. As únicas diferenças entre todos os monstros é a profundidade da caverna e o quanto ele já está domesticado.
O meu monstro ainda morde bastante a treinadora, e sua caverna não é daquelas que precisa de lamparina para entrar.
Nestes últimos dois dias tenho visto e ouvido coisas que fazem as veias dos meus olhos saltarem, a bolinha da garganta virar uma bola de tênis, e meu estômago virar do avesso. É ele tomando conta de mim. Aos olhos dos outros, não precisa ser nada gigantesco para a reação descomunal, basta apenas tira-lo do seu sossego. Para ele, são fatos que não podem ser ignorados e merecem uma ação contrária.
Minha vontade então, é ir até a pessoa responsável por interromper a hibernação, dar uns tapas com bastante força em sua cara e vociferar-lhe muitas coisas, humilhando tanto o infeliz até que ele chore.
Quando o infeliz já estivesse cambaleando, eu diria os últimos impropérios, e ele pensaria em suicídio.
Como eu disse, meu monstro ainda me morde, mas eu não deixo mais (ou tento não deixar) que ele morda outras pessoas.
Eu respiro fundo. Por dentro, meu monstro me rasga as entranhas com suas unhas e dentes. Eu sangro. E sofro. Minha feição se transforma e com frequência dou uma resposta ríspida - porque só eu sair machucada não vale, alguém tem que levar um arranhãozinho leve. E isso é tudo.
Eu ainda estou aprendendo, e tenho muita vergonha do meu monstro. Às vezes, muito raramente, é possível ver o vermelho dos seus olhos através dos meus. Mas vai chegar o dia em que colocarei uma pedra enorme na porta daquela caverna, e ele nunca mais vai sair de lá.

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