Li esses dias que o brasileiro é o povo mais confiante do mundo em sua felicidade futura. Segundo o texto, o índice de felicidade futura do brasileiro ganha dos habitantes da Dinamarca. Exatamente.
Isso se deve, segundo a pesquisa, ao aumento da renda dos jovens, que subiu cerca de 10% entre 2004 e 2008, e ao aumento dos anos de estudo, que passou de 9,7 anos em 2004 para 10,4 anos em 2008.
Agora vamos aos dados de realidade.
Começando com o fato de que as pessoas entrevistadas poderiam estar sob efeito de cogumelos alucinógenos e que REALMENTE acreditam que nosso futuro será melhor que o dos dinamarqueses.
Considerando que os jovens de 15 a 29 anos (que são os mais otimistas) que participaram da entrevista são os mesmos que acham que seu nível cultural aumentou por passarem 0,7 ano a mais na escola, percebemos que a confiança no futuro é mesmo uma coisa relativa.
Não que eu não acredite que as coisas possam melhorar, ou que eu fique apenas reclamando encostada no barranco até o mundo acabar.
Mas daí a ter otimismo no futuro porque passou 10 anos estudando, já é demais!!!
Eu estudo há 27 anos, e sei que ainda falta muito! Continuo trabalhando pesado, continuo estudando, aprendi outras duas línguas, e ainda me sinto uma ridícula ao saber que tem gente que fez pós-pós-doc, entende muito de literatura, história, política mundial, conhece pensadores/formadores de opinião de verdade (e não dançarinas de axé que se acham celebridades), e fala oito línguas (entre elas, mandarim fluente), além de Português corretíssimo (que muitas vezes me falha).
É triste ver que essas pessoas não percebem a dimensão do que estão falando. Ficar feliz por passar 10 anos na escola, sendo que isso é o mínimo para terminar o ginásio!!! (chamava assim antes, agora não sei mais... sou uma velhota, e daí? rs). E desde quando terminar o ginásio é suficiente para alguma coisa?
Ok, podemos partir do princípio que é melhor do que nada, que terminar a oitava série é melhor que parar na quarta, e bibibi bóbóbó. Mas daí a achar que por isso seremos mais felizes, é um pouco demais para mim.
Ou pode ser que os dinamarqueses estejam de saco cheio da vidinha perfeitinha que levam há décadas, e o que eles querem mesmo é chafurdar na lama de bundas rebolantes e "a nível de localidade, nós vamos estar te enviando para um país tropical".
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